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CEO da Prosus, que controla o iFood, é questionado sobre condições de trabalho no Brasil

O brasileiro Fabricio Bloisi, ex-CEO do iFood, foi questionado no dia 22 de agosto, sobre a gestão dos direitos trabalhistas dos entregadores por aplicativos enquanto esteve no comando da plataforma. O questionamento aconteceu durante a Assembleia Anual Geral do Conselho Administrativo da Naspers, realizada de forma híbrida, nesta quarta-feira (21), na Cidade do Cabo, na África do Sul.

Fabricio Bloisi assumiu no último dia 1º de julho o comando mundial da Prosus/Naspers, mas apenas nesta quinta-feira o brasileiro teve sua indicação votada oficialmente pelos conselheiros do grupo.

A Prosus, que controla o iFood desde 2022, é a holding holandesa de investimentos em tecnologia do conglomerado de mídia sul-africano Naspers. Bloisi vai comandar a operação de mais de 100 empresas.

O questionamento a Bloisi foi verbalizado pela Share, uma ONG que gerencia uma rede internacional de ativismo de investidores. 

“Riscos aos direitos trabalhistas”

A representante da Share apresentou aos conselheiros o cenário de insatisfação vivido no Brasil pelos entregadores de aplicativos por conta da adoção no iFood de um modelo de negócio que estaria impactando a saúde e a vida dos trabalhadores brasileiros deste setor.

“Dada a agitação trabalhista substancial, os riscos regulatórios e as críticas públicas à gestão dos direitos trabalhistas dos entregadores pelo Sr. Bloisi em seu cargo anterior como CEO do iFood no Brasil, que medidas extraordinárias serão adotadas pelo Conselho para garantir que os direitos trabalhistas fundamentais serão respeitados pela Prosus e seu novo CEO em todas as suas operações?”, questionou a representante da Share.  

Alerta global

A indicação de Fabrício Bloisi ao cargo de CEO adjunto da Prosus acendeu o temor dos entregadores e suas entidades de representação de que o ex-CEO da iFood poderia implementar, agora em nível global, o mesmo modelo de negócio adotado pela maior empresa de entregas por aplicativos do Brasil, que domina cerca de 80% do mercado nacional.

No início de julho, logo após Bloisi assumir seu novo cargo, a Aliança Nacional dos Entregadores por Aplicativos, ANEA, enviou uma carta (veja aqui na íntegra) aos conselheiros da Nasper/Prosus denunciando a violação de direitos no âmbito nacional e internacional e ressaltando a preocupação com os eventuais impactos da reprodução do modelo adotado por Bloisi na iFood em outras empresas controladas pelo grupo.

De acordo com Nicolas Souza Santos, diretor da ANEA, mesmo sem dados precisos sobre acidentes de trabalho, o Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo descobriu que a composição dos pacientes traumatizados passou de 20% de motoristas de motocicleta em 2016 para 80% em 2022. O dirigente da ANEA acredita que a baixa remuneração, cargas horárias excessivas e violência no trânsito e nas relações com clientes são fatores de alto risco para a categoria. “Com Bloisi no comando da Prosus/Naspers, esse risco está globalizado”, alertou.

Fonte: Aliança Nacional dos Entregadores por Aplicativos (ANEA)