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Google condenado: as 5 artimanhas para criar um império e esmagar rivais Seção

Que o Google é gigante nas buscas online não é segredo para ninguém. Virou até verbo. Quem nunca disse que ia “dar um Google” atire a primeira pedra. A Justiça dos Estados Unidos mostrou que isso não é brincadeira e condenou em agosto o Google por exercer um monopólio nas pesquisas online.

A partir da semana que vem, o Departamento de Justiça dos EUA decidirá quais serão as punições aplicadas para evitar que a empresa use seu domínio para impedir a livre concorrência.

Neste novo episódio de Deu Tilt, o podcast do UOL para humanos por trás das máquinas, Helton Simões Gomes e Diogo Cortiz discutem os passos dados por grandes empresas de tecnologia até virarem monopólios (veja abaixo). Esse é um caminho em que poucas das Big Tech ficam de fora, conclui a dupla. A decisão contra o Google faz parte de um amplo movimento de regulação das gigantes do setor.

Facebook, Amazon e Apple também estão sob escrutínio.

1) Pague para ser nº 1
O processo antitruste que levou à condenação do Google por monopólio já aponta a primeira dessas artimanhas. A ação foi movida pelo Departamento de Justiça e vários estados americanos em outubro de 2020.

Ao julgar o processo, o juiz Amit Mehta concluiu que o Google fechou contratos com fabricantes de celular para instalarem de fábrica o mecanismo de busca e o tornarem o padrão do aparelho. Só no ano passado, o Google gastou até US$ 26 bilhões —a maior parte com a Apple, mas também havia acordos com a Samsung.

2) Compre novas empresas com potencial
A Google chegou a terras brasileiras ao fazer uma aquisição. Helton lembra que em 2005 a Big Tech comprou a Akwan, empresa criada por pesquisadores da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) especialistas em buscas online.

“A empresa era tão boa que o Google falou: ‘venham todos os engenheiros, quero todos trabalhando para mim”, Helton Simões Gomes.

A tática envolve remover um possível concorrente de cena e absorver tanto a tecnologia quanto os profissionais que trabalham na empresa. A Meta é investigada por prática semelhante ao comprar Instagram e WhatsApp.

“Essa é uma estratégia desde as startups. Por isso investem tanto nelas. Investindo nesse ecossistema, fica um celeiro de ideias e inovação no quintal deles. Se precisar, compram ou fazem parcerias”, Diogo Cortiz.

3) Se não der para comprar, copie
Outra maneira de neutralizar a concorrência é copiar os principais atributos de rivais.

“Ninguém faz isso melhor do que ele: Mark Zuckerberg. Ele consegue copiar e às vezes melhorar o recurso (…) [Assim] ele conseguiu blindar o impacto que esses concorrentes teriam em seus serviços”, Diogo Cortiz.

Depois de comprar o Instagram, a empresa de Zuckerberg passou a incluir na rede social os recursos que bombavam em outras plataformas. Os stories são cópia bem-sucedida do Snapchat e os Reels vieram do TikTok.

4) Venda 1, entregue 2
Outra prática comum é usar a popularidade de um serviço para catapultar uma plataforma menos conhecida. Foi o que o Google. Usou seu mecanismo de busca para alavancar seu comparador de preços online. A companhia foi processada na União Europeia e obrigada a mudar a operação para permitir que outras marcas aparecessem no espaço.

Algo semelhante aconteceu com a Microsoft, que vendia os computadores com Windows e, no pacote, o Internet Explorer, tornando-se um monopólio no ramo dos navegadores, o que também não agradou nem a concorrência, nem os órgãos reguladores.

5) Erga muros, convide amigos e aplique regras boa só para você
A última artimanha da lista envolve etapas complexas, como construir um sistema indispensável ao uso de algum dispositivo, liberar para empresas terceiras, mas posteriormente aplicar regras que beneficiem sua empresa e prejudiquem as demais.

Foi o que ocorreu com a App Store, a loja de aplicativos do iPhone. A empresa impedia desenvolvedores de serviços em sua loja de informarem os usuários que poderiam recorrer a outros métodos de pagamento, caso pagassem fora do app.

Como a Apple cobra uma taxa de 30% sobre o valor de apps pagos ou sobre as compras feitas dentro de apps baixados da App Store, a União Europeia afirma que consumidores do iOS pagaram a mais por quase 10 anos.A reclamação foi feita pelo Spotify e levou a uma multa da UE de 1,8 bilhão de euros à Apple, que mudará seu sistema.

Fonte: Deu Tilt/UOL